A filosofia medieval é um período de produção filosófica que ocorreu entre os séculos V e XVI, abrangendo desde a patrística até o surgimento do Renascimento. Durante esse período, houve uma tentativa de conciliar o diálogo entre as três grandes religiões (judaísmo, cristianismo e islamismo) com a filosofia grega e romana. Esse diálogo foi impulsionado pelo surgimento do cristianismo no Ocidente, quando o Império Romano adotou o cristianismo como religião oficial.
Durante a filosofia medieval, ocorreu uma integração entre o pensamento filosófico e os diferentes pensamentos monoteístas, tanto do cristianismo quanto do islamismo e do judaísmo. Essa integração não resultou em um oscurantismo, como muitos pensadores afirmam, mas sim em um período iluminado com a aparição de grandes pensadores e teólogos latinos e de outras partes do Ocidente.
Um dos principais pensadores da filosofia medieval foi Santo Agostinho, também conhecido como São Agostinho. Agostinho de Hipona (354-430) incorporou em seu pensamento elementos das correntes platônicas e neoplatônicas, além de refutar outras escolas de pensamento de sua época, como o maniqueísmo. Sua obra inclui temas como a beleza, o bem, o mal, a ordem, o amor a Deus, o tempo e a memória.
Outra figura importante da filosofia medieval é Pseudo-Dionísio Areopagita, cuja identidade é controversa. Acredita-se que seus trabalhos tenham sido escritos por um teólogo bizantino que viveu entre os séculos V e VI. Sua obra teve uma grande influência na escolástica medieval e na teologia negativa, que nega a possibilidade de acessar algum conhecimento positivo sobre Deus.
San Boecio (480-524) foi um filósofo e poeta romano que estudou as ideias de Aristóteles, dos estoicos e dos neoplatônicos em Atenas. Sua obra mais famosa é "De la consolación por la filosofía", na qual ele explora a relação entre a felicidade e a sabedoria.
Juan Scoto Eriúgena (810-877) foi um filósofo cristão do renascimento carolíngio. Ele traduziu as obras de Pseudo-Dionísio e Gregório de Nissa. Sua obra mais conhecida é "De la división de la naturaleza", também conhecida como "Periphyseon", considerada uma das últimas grandes obras da filosofia antiga.
Santo Tomás de Aquino (1225-1274) é um dos teólogos mais importantes da filosofia medieval. Sua obra foi influenciada por Aristóteles, Agostinho de Hipona, Platão e Sócrates. Santo Tomás é considerado o máximo representante da escolástica, uma doutrina de pensamento teológico que floresceu entre os séculos X e XIV. Ele dedicou grande parte de sua obra a conciliar razão e fé, utilizando a metodologia aristotélica.
O Renascimento, período de transição entre a filosofia medieval e a filosofia moderna, ocorreu entre os séculos XV e XVI. Durante o Renascimento, surgiu o humanismo e houve um ressurgimento da cultura clássica romana. Alguns dos principais representantes desse período foram Dante Alighieri, Francesco Petrarca, Leonardo Bruni, Erasmo de Rotterdam, Tomás Moro, Nicolau Maquiavel e Michel de Montaigne.
Em resumo, a filosofia medieval foi um período de diálogo entre as religiões monoteístas e a filosofia grega e romana. Grandes pensadores como Santo Agostinho, Pseudo-Dionísio Areopagita, San Boecio, Juan Scoto Eriúgena e Santo Tomás de Aquino contribuíram para o desenvolvimento da filosofia nesse período. A influência da filosofia medieval pode ser observada no surgimento do Renascimento.
Esperamos que este artigo tenha fornecido uma visão abrangente e detalhada sobre a filosofia medieval, sua história, seus pensadores e sua influência no surgimento do Renascimento.
Referências:
- Grabmann, M. (1928). Historia de la filosofía medieval. Barcelona: Labor.
- De Libera, A. (2007). La filosofía medieval (Vol. 93). Universitat de València.
- Guerrero, R. R. (1996). Historia de la filosofía medieval (Vol. 2). Ediciones AKAL.
- Beuchot, M. (2013). Historia de la filosofía medieval. Fondo de Cultura Económica.
- Le Goff, J. (2017). Los intelectuales en la Edad Media. Editorial Gedisa.